SOFRIMENTO E O GRANDE CONTROVÉRSIA – 2

Intervenção de Deus

Todo governo tem leis pelas quais opera. A ordem do reino e a segurança de seus cidadãos dependem dessas leis. E o reino de Deus também tem uma lei — uma lei justa e altruísta que é um reflexo do caráter de Deus. A lei de Deus — a Lei da Vida — é a lei que mostra o que é o amor e como ele opera. E essa lei é o fundamento do governo de Deus. Segurança, harmonia, ordem e liberdade são encontradas dentro dos limites dessa lei. Fora dela, há perigo, contenda, caos e escravidão ao pecado. E a felicidade de todas as criaturas de Deus depende de sua harmonia com a lei divina de amor e liberdade. 

Deus deseja de todas as Suas criaturas o serviço do amor voluntário. E a lealdade de Suas criaturas deve basear-se na apreciação de Seu caráter amoroso. Deus jamais argumentará, manipulará, coagirá ou forçará. Ele atrai, chama, bate, informa, educa, raciocina, luta com e demonstra. Mas Lúcifer podia usar, e usou, todos os métodos que Deus não podia usar em sua tentativa de derrubar o reino de Deus. 

Deus e os anjos leais tentaram ajudar Lúcifer a ver o quanto ele estava errado e qual seria o resultado se continuasse no caminho em que estava. Tentaram mostrar a Lúcifer que Deus não era motivado por egoísmo, mas pelo mais profundo altruísmo. Tentaram mostrar a Lúcifer que a lei de Deus não era uma imposição aos seus direitos e liberdades. Sua lei era justa e razoável, e para a proteção e o bem de todos. 

A resposta de Lúcifer

Mas o orgulho prevaleceu. Lúcifer acreditava que conseguia enxergar através dos esforços desse Deus aparentemente altruísta, mas que na realidade era egoísta e apenas tentava proteger Seus próprios interesses. Ele acreditava que conseguia enxergar as coisas melhor do que os pobres anjos enganados, ainda enganados por Deus, acreditando que Ele tinha os melhores interesses em mente. 

Os esforços de Lúcifer até então tinham sido de tal natureza que suas reais intenções e motivações não eram claras. Ele fazia parecer que estava trabalhando para o bem de todo o céu e que não estava em rebelião contra Deus. Estava simplesmente tentando melhorar o sistema existente. Alegava estar trabalhando pela liberdade de todos. Alegava ter um plano melhor do que Deus para o governo do céu. Alegava que a lei de Deus era uma imposição desnecessária e arbitrária às criaturas de Deus com o propósito de escravizá-las a Ele. E afirmava que a liberdade que os anjos sempre desfrutaram estava chegando ao fim, a menos que uma mudança significativa pudesse ser feita no governo do céu. 

Ele falava com outros anjos sobre essas questões e, quando eles expressavam pensamentos ou dúvidas semelhantes, ele os citava para outros, afirmando que eles estavam descontentes e ele buscava apenas restaurar a harmonia. Disse-lhes que, sendo o Deus egoísta que era, o Pai não toleraria por muito tempo suas tentativas de melhorar o céu. Disse-lhes que Deus o removeria de sua posição exaltada e, se necessário, o expulsaria completamente do céu, ou o destruiria, pois Deus não toleraria nenhum rival ao Seu trono. 

O Apelo e a Escolha Final

Deus fez tudo o que era consistente com Seu caráter para convencer Lúcifer de seu erro. Mostrou-lhe que sua insatisfação não tinha justa causa. Mostrou-lhe qual seria o resultado se persistisse na revolta. Deus expôs claramente diante dele as consequências do caminho que estava seguindo e apelou, como só um Pai amoroso poderia fazer, para que se arrependesse e voltasse. Não era tarde demais. Se ele se humilhasse, admitisse que estava errado e se submetesse à amorosa liderança de Deus e à Sua lei de amor e liberdade, seria-lhe permitido permanecer no céu. Mas, se persistisse na rebelião, por causa dos anjos leais, seria obrigado a deixar o céu e, finalmente, ser destruído. 

Este apelo tocou Lúcifer. Naquele momento, ele pôde ver que o Pai era amor. Ele podia ver que a lei de Deus era Justo. Ele podia ver que vinha travando uma guerra dissimulada, sem fundamento justificado. Podia ver que estava errado. Podia também ver que ainda não havia ido longe demais. Não era tarde demais para ele voltar atrás em seu curso descendente. Ele ainda podia se arrepender. Ainda podia reconhecer diante de todos que estava errado e que o Pai estava certo. Ainda podia se submeter à liderança sábia e amorosa do Pai. 

Mas e quanto aos outros com quem ele havia conversado? E quanto aos muitos, muitos anjos que ele havia influenciado a acreditar em sua perspectiva? O que eles pensariam? O que todos pensariam dele? Quem confiaria nele novamente se reconhecesse que estava errado? Não seria tratado com suspeita para sempre? Aquele apelo paternal de amor tocou aquele coração tão impregnado de orgulho e egoísmo. E Lúcifer lutou arduamente com essa convicção. O que prevaleceria? Persistiria ele no orgulho e no egoísmo, buscando fazer as coisas à sua maneira? Ou cederia a um amor tão paciente e tolerante e se submeteria ao Deus que suportou sua rebelião por tanto tempo? 

Após uma longa luta contra a convicção, o orgulho prevaleceu. Ele não se envergonharia daquele jeito diante daqueles que havia influenciado. Não admitiria que estava errado. Não tinha ele muitas evidências de que Deus era egoísta, arbitrário, ditatorial, etc.? Não aceitaria que estava errado. Rejeitou as convicções que havia recentemente nutrido sobre a justiça de Deus e sua própria injustiça. A misericórdia e a paciência de Deus foram mal interpretadas como fraqueza, e Satanás acreditou que poderia vencer. Ele se envolveu em uma grande controvérsia com seu criador. 

Nesse ponto, Satanás danificou irreparavelmente sua consciência. Dali em diante, ele jamais poderia ser recuperado de sua rebelião. Nada mais lhe poderia ser revelado que o convencesse a mudar de ideia e de rumo, visto que sua decisão havia sido tomada à luz da plena verdade. 

Conflito aberto

Agora, Satanás apresentou aberta e ousadamente sua posição aos seus simpatizantes. Ele não se submeteria mais às invasões de Deus aos direitos de todos. Ele reivindicaria a honra e a liderança que lhe caberiam e assumiria o comando de todos os que lhe fossem leais. Prometeu um governo novo e melhor a todos que o seguissem. 

Ele tentou ganhar vantagem falsificando as palavras de Deus, deturpando Seu plano de governo e fazendo parecer que Deus estava exigindo submissão e obediência de Suas criaturas por motivos egoístas. 

E, como antes, Deus só poderia responder de maneira consistente com Seu caráter. Deus não podia acusar, argumentar, coagir, forçar, subjugar, etc. Então, como Ele limparia Seu nome diante do universo observador? Ele deveria permitir que cada acusação feita por Satanás se concretizasse — fosse demonstrada — para que o resultado final mostrasse claramente quem estava certo e quem estava errado. Como o caráter e os motivos de Deus haviam sido questionados, Deus não podia simplesmente alegar que Satanás estava errado, e Ele estava certo. Ele deveria demonstrar diante de todos que Satanás estava errado e Ele estava certo. Tanto o caminho de Deus quanto o de Satanás deveriam ser permitidos se concretizarem, para que os efeitos finais de ambos pudessem ser vistos claramente, e todos pudessem julgar livremente por si mesmos qual caminho era certo e qual caminho era errado, qual caminho queriam seguir e qual caminho queriam evitar. 

Deus permitiu que Satanás prosseguisse com sua obra até que a insatisfação se transformasse em revolta ativa. Ainda assim, não estava claro para o universo observador em que direção os planos de Satanás estavam se encaminhando. E até que sua obra se transformasse em revolta ativa, sua posição não poderia ser vista como a coisa má que era. Até que sua obra se transformasse em revolta ativa, sua insatisfação não teria sido vista como rebelião. Seu verdadeiro caráter e o caráter de suas acusações devem ser compreendidos por todos. Portanto, ele precisa de tempo para se revelar por meio de suas ações. 

Fiel à sua astúcia, Satanás culpou o governo de Deus por toda a discórdia que estava causando no céu. Afirmou que todo o mal era resultado da administração de Deus. Ele jamais teria feito o que estava fazendo se o governo de Deus não tivesse falhas. Seu objetivo era aprimorar a lei e o governo de Deus para o bem de todos.

Deus permitiu que ele demonstrasse a natureza de suas reivindicações e como suas propostas de mudanças no governo funcionariam. Ó, o amor longânimo de nosso Pai Celestial! Tão paciente com alguém tão malicioso! 

Com o tempo, a insatisfação de Satanás transformou-se em rebelião aberta. Chegou então a hora de uma decisão final, não por Satanás, mas pelos outros anjos. A cada um foram apresentados os princípios e planos do governo de Deus e os princípios e planos do governo de Satanás. Cada um teria a liberdade de escolher a qual governo e líder se submeteria. Cada um foi informado novamente sobre os resultados de escolher o governo de Deus ou o governo de Satanás. A cada um foi dada a oportunidade de demonstrar publicamente qual lado escolhia e quem seguia. E quando a lealdade de todos foi claramente revelada, então, por causa dos anjos que permaneceram fiéis a Deus e ao Seu governo, os outros foram expulsos do céu. Pois somente assim a paz e a harmonia do céu poderiam ser preservadas. 

O Grande Conflito Estendido

Mesmo depois de ser expulso do céu, Satanás não foi destruído. Deus aceita apenas o serviço do amor, que é voluntário, e a lealdade de Suas criaturas deve se basear na convicção de Sua justiça e benevolência. Os seres celestiais ainda não tinham ideia do que o pecado realmente era, de sua natureza e consequências; portanto, não poderiam ter visto a justiça de Deus em destruir os rebeldes naquele momento. Se os rebeldes tivessem sido destruídos naquele momento, outros teriam servido a Deus por medo, e a influência de Satanás não teria sido destruída. O espírito de rebelião teria continuado, e a rebelião teria surgido novamente no céu. 

Para o bem de todo o universo, Satanás precisa de tempo para desenvolver e revelar seus princípios completamente, para que suas acusações contra o governo de Deus possam ser claramente vistas por todos, contrastando-as com a operação dos princípios e do governo de Deus. A partir daí, Satanás e seus seguidores passaram a compartilhar os princípios de seu governo proposto com outras criaturas inteligentes para ver se conseguiam conquistar um número maior de seguidores. 

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